Considerada o mal do século, a depressão é uma doença que
pode atrapalhar a vida pessoal e profissional, desencadeando outros problemas
de saúde ou estando associada a eles. Muitas vezes a depressão é tratada como
uma tristeza persistente, mas entender a diferença entre depressão e um quadro
de tristeza pode ajudar em um diagnóstico precoce e no tratamento adequado.
Perder um emprego, a morte de um ente querido e uma
separação conjugal são situações que podem gerar tristeza. No primeiro momento
há um período de luto, um sentimento de frustração e impotência, como se o
mundo perdesse a graça. Quando conseguimos superar a crise vivida, a tristeza é
normal e considerada saudável pelos especialistas, pois assim como a alegria,
ela é um sentimento inerente ao ser humano.
Para o psicanalista e psiquiatra Celso Rubman, do Hospital Federal da Lagoa,
vinculado ao Ministério da Saúde, a tristeza
pode até mesmo acompanhar momentos de plena felicidade. “As mães, durante os
primeiros dias após o parto, têm uma vivência de tristeza, que se dá pela
separação da criança do ventre dela. Ela é fisiológica, mas às vezes pode
evoluir patologicamente”, afirmou. Essa melancolia pós-parto é menos severa que
uma depressão. Celso disse ainda que o hábito de presentear a mãe ou o bebê é
uma forma social de agradá-la por conta desse período crítico.
A diferença entre tristeza e depressão é sutil, o que
dificulta na hora de procurar ajuda. “A tristeza é um fato comum da vida. Já a
depressão é uma forma de viver que se repete e precisa de cuidados médicos. A
pessoa não tem a sensação que o mundo ficou vazio, e sim que ela ficou vazia”,
explicou Rubman. Na depressão, a tristeza pode vir acompanhada de uma profunda
melancolia, desânimo e alterações no sono e no apetite.
A depressão muitas vezes é determinada por situações
inconscientes. “São sentimentos de frustração, onde a pessoa não entendeu o mal
que estava vivendo. E ela tem um sentimento de raiva que não sabe administrar.
Essa raiva se volta contra a própria pessoa, deixando-a entristecida”, alertou
o psicanalista.
Em uma crise, é comum agir de duas maneiras antagônicas:
uma é refletir sobre o problema e conseguir superá-lo. Outra é tornar o
problema maior que a capacidade de resiliência e se enfraquecer, ficando mais
vulnerável à depressão. “Podemos nos tornar uma pessoa mais forte ou mais
fraca, conforme a postura em tentar resolver o problema. Se conseguimos,
colocamos na bagagem mais instrumentos para tentar solucionar futuras
dificuldades.”
A depressão pode surgir em qualquer fase da vida.
“Pessoas da terceira idade podem desenvolver a chamada depressão endógena, aquela
que não se tem uma razão externa”, afirmou Rubman. O psicanalista aconselhou um
acompanhamento profissional e terapias, sendo o uso de medicamentos não
aconselhável para todos os casos. Entender a origem da depressão é essencial
para o tratamento.
Foto: Getty Images
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